Tio Frank (2020) é um filme que acontece no início dos anos 1970. Beth Bledsoe (Sophia Lillis, de It e Maria & João) é de uma família tradicional da zona rural do sul dos Estados Unidos. Beth é uma jovem bem inteligente, e o único membro de sua família que ela gosta de verdade e tem uma conexão, é seu Tio Frank (Paul Bettany, de Uma Mente Brilhante e O Código da Vinci), que mora em Nova Iorque. Quem não tem um tio favorito, não é mesmo?
Beth não compreende porque seu avô é tão ríspido com seu filho mais velho. Ela, na ocasião do aniversário de seu avô e visita do Tio Frank, tem apenas 14 anos. É uma leitora ávida, e recebe indicações e livros de seu tio. Podemos perceber que Creekville não comportará a jovem Beth por muito tempo. Ela não é tão limitada, e deseja mais! E seu tio a incentiva não seguir às expectativas dos demais. Mas sim, ser quem ela deseja ser. Essa tipo de conversa mudou a vida da garota.
Tio Frank é um homem gay, que vive longe da pequena cidade na Carolina do Sul, e ainda está escondendo sua sexualidade de todos seus familiares. Finge até um romance com uma amiga (lésbica) quando seu irmão e família vão à Nova Iorque, 4 anos após o aniversário do pai, para instalar Beth na faculdade. A desaprovação velada de seu pai idoso (Stephen Root), o qual Frank herda o nome, é bastante perceptível. O clima na família é de certo “estranhamento” quando todos estão reunidos.

“Tio Frank era o único adulto que olhava nos meus olhos.”
Em Nova Iorque, Frank é um professor de literatura. E iremos descobrir no decorrer das cenas que ele tem um relacionamento longo e duradouro com Wally (Peter MacDissi), um engenheiro que veio da Arábia Saudita. Walid (Wally) é um personagem bastante carismático, e se dá muito bem com Beth, sobrinha de Frank. No entanto, logo que Beth descobre sobre o romance do tio, uma fatalidade acontece lá na Carolina do Sul, e tanto ela, quanto Frank, precisam se deslocar urgentemente.
Uma pequena confusão acontece quando, pelo meio do caminho até Creekville, Frank percebe que Wally está seguindo o namorado em um carro alugado. Isso, mesmo depois de uma pequena discussão dos dois para que não comparecessem juntos perante a família Bledsoe. Esse “desespero” que se abateu sobre Frank em relação à Wally, acaba por desencadear no homem um comportamento alcóolico, que aparenta já ter trazido alguns problemas entre eles dois.
A verdade é que Frank tem alguns traumas desde sua juventude. Os flahs a respeito de sua adolescência e os confrontos com sua sexualidade, são cenas bastante emotivas. Conforme a história vai acontecendo, vamos percebendo o quão enredado ele está nas teias do passado. Já Beth resolve alçar voo após seu tio preferido lhe dizer que ela não poderia deixar ninguém dizer a ela como ser ou o que ser. Contudo, o próprio Frank não coloca seus conselhos em prática, e vive aprisionado em sentimentos conflitantes, e o medo de ser quem é diante de sua família.
Tio Frank é um filme com uma fotografia maravilhosa. Acredito que muito bem ambientado nos anos 70, tanto em questões históricas, assim como nas vestimentas e relações (as familiares e aqueles olhos que tudo veem em uma cidade do interior). É inegável algumas cenas de humor, que ajudam o ritmo da trama. Entretanto, o que mais pontua essa obra é o dissabor de Tio Frank não conseguir ser livre e verdadeiro com sua própria família. Veremos alguns julgamentos, tons de preconceito, mas também carinho e amor em outras vertentes.
O diretor Alan Ball tem fama de ter tornado os dramas bem mais palatáveis e interessantes. Ele escreveu o premiado Beleza Americana, e criou, bem como produziu as séries Six Feet Under, True Blood (AMO ambas), e Banshee. Sua carreira é bem frutífera tanto no quesito prêmios, quanto criações e produções.
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Filme de: 25 de novembro de 2020
Disponível em: Amazon Prime Video
Elenco: Paul Bettany, Sophia Lillis, Peter MacDissi, Judy Greer, Steve Zahn
Duração: 1h 35min
Gênero: Drama
Direção: Alan Ball
Nacionalidade: EUA
Hanna Carolina
Normalmente, quando vemos filmes das décadas de 1960-70, é bem comum que tenham todo aquele glamour, como se as pessoas vivessem o tempo todo em discotecas, com roupas brilhantes e cantando músicas animadas. Eu gostei bastante desse filme, por não trazer isso, mas todas as problemáticas que esse glamour todo escondia. E, se pararmos para pensar, ainda hoje essas problemáticas existem, o que é mais assustador e louco no fim das contas, por que parece que os anos passam e ainda não aprendemos nada com a vida. Acho que todo mundo tem mesmo um tio favorito, que é normalmente “a ovelha negra” da família (aliás, esse termo mesmo é esquisito). Gostei bastante da indicação e de como o filme trata de todos esse questionamentos de maneira palatável, o que deixa até o drama mais fácil de assistirmos.
Bjks!
Mundinho da Hanna
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Carol Nery
Verdade, Hanna
Gostei dessa sua análise! Realmente os filmes dessas décadas ficam datados, e marcados quase sempre pelas mesmas coisas. Quando existem assuntos mais profundos, né? E esse filme trouxe à tona algumas situações que eram de “praxe” ficar debaixo dos panos.
Beijão
Letícia Guedes
Oioi! Gente, estou com um livro para ler que me lembrou esse filme em alguns aspectos. O livro chama “Diga aos lobos que estou em casa”.
Bom, sobre o filme: parece intenso. Imagino que não seja nem de longe o tipo de filme leve a que assistimos para espairecer. Vou anotar na minha listinha, pois quero conferir como as coisas se desenrolam para Frank e Beth. Minha experiência com filmes assim me diz que vou chorar, mas ok kkkk
Ótimo post. Abs!
Carol Nery
Que interessante ter te lembrando desse livro, vou até dar uma olhada, porque não o conhecia!
E assim, é um filme que a gente reflete em alguns sentidos, em outros momentos dá risada, mas ele realmente mexe com a gente.
Tomara que você consiga assistir, e curta a indicação. Abraços
Debora Sapphire
É interessante ver como essa personalidade irá precisar se libertar das teias do passado para enfim levantar voo. Achei interessante essa resentatividade por trazer alguns traumas desde a juventude de Frank. Através de flahs sobre a adolescência dele, tal como os confrontos com a própria sexualidade. O que gera cenas bem emotivas. Nunca assisti. Excelente suas considerações tão coerentes.
Carol Nery
Recomendo! Foram bons minutos de reflexão!!! Tomara que você consiga assistir.
Abraços
Val
Deve ser uma obra fantástica.
Já fiquei a fim de assistir. Não só pelo enredo em si, mas pela ambientação nos anos 70.
Eu tive uma espécie de tio Frank na vida, era o meu preferido, mas acho que difere em alguns aspectos com o personagem. Mas acho que vai valer a pena conferir o filme, talvez eu me identifique em algumas partes.
Tschüss
Carol Nery
Sim, acho que todo mundo acaba tendo uma espécie de Tio Frank na vida! Eu gostei da ambientação… Não é um filme cheio de altos e baixos, mas eu gostei bastante.
Beijão