Trocas Macabras era um daqueles livros do autor norte-americano Stephen King, que estava quase que impossível de se encontrar para ler. Considerado um dos seus livros “raros” no Brasil, a edição publicada pela extinta editora Francisco Alves, data do ano de 1991. Dessa forma, àqueles que possuem essa obra e estão dispostos a negociá-la, usualmente fazem proveito da necessidade dos fãs em completar sua coleção, e praticam preços beirando o absurdo. No entanto, essa é uma opinião mais que pessoal…
Falando por mim, fiquei na doce espera da editora Suma cumprir o prometido: logo viria o lançamento de Trocas Macabras pelo selo Biblioteca Stephen King. “Bendita sois vós entre as editoras…” o livro saiu! Essa republicação era uma das mais desejadas entre os fãs. E mesmo eu estando gravidíssima pela terceira vez, enjoada até não ter mais aonde, e com o ritmo de leitura tendendo a zero, eu me arrisquei!
Logo que recebi essa obra-prima, comecei a me dedicar à leitura. Foi uma experiência sensacional. E estou aqui hoje para falar um pouco sobre Castle Rock, referências, “coisas necessárias”, Artigos Indispensáveis, enfim, sobre Trocas Macabras. Espero que consigam aproveitar um pouco do que senti lendo esse livro. Mas, principalmente, que eu consiga expressar tudo que essa obra representou para mim. Vamos lá!
“Todo mundo ama ter uma coisa por nada… mesmo que custe tudo.”
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Para você que tem interesse em ler as obras do Stephen King em ordem cronológica, dá uma olhada nesse post aqui!
Antes de tudo, Castle Rock já é uma cidade (fictícia) conhecida por nós, que somos leitores fiéis, por outras diversas histórias. Lembra-se de cachorro São Bernardo, que após contrair raiva, ataca feroz e mortalmente alguns dos moradores de Castle? Esse é Cujo. Você também pode se lembrar de quatro jovenzinhos, que resolvem desbravar uma floresta para encontrar um corpo de um outro garoto? Esse é o conto O Corpo, que está no livro Quatro Estações, e também acontece em Castle.
À primeira vista, eu poderia passar essa resenha falando sobre referências. Mas, não é o meu propósito. Só afirmo que elas são inúmeras. Por exemplo, nas primeiras páginas você poderá perceber citações a respeito de A Zona Morta, A Metade Sombria, O Cão da Polaroid (último conto do livro “raro” Depois da Meia-Noite), a prisão de Shawshank, Cujo e O Corpo, como já me referi anteriormente. Você irá reparar diversas referências até o fim dos acontecimentos em Trocas Macabras. Já falei sobre como isso é espetacular? Pois é!
“O sorriso era contagiante. Brian gostou instantaneamente do proprietário da Artigos Indispensáveis.”
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Você sabia que Ascensão também se passa em Castle Rock? Temos resenha aqui!
Assim, apresento a você Leland Gaunt. Ele é um novo negociador que está chegando à cidade, com uma loja que vende algumas coisas necessárias. Objetos que são essenciais para aqueles que o adquirem. O nome dessa nova loja que desperta a curiosidade dos moradores de Rock é Artigos Indispensáveis, e já vem chegando com a promessa de mexer com os cidadãos daquela cidadezinha do Maine. Eles não faziam ideia do quanto!
Após muito interesse dos moradores a respeito do que trataria tal loja, o senhor Gaunt começa a atender o público. Os itens nunca têm seu valor exibido, porém os preços são razoáveis, e você dificilmente não fechará um negócio com o homem. Quando a pessoa encontra o objeto de sua (futura) obsessão, ela aceita o valor acordado com o dono da Artigos Indispensáveis. Contudo, assomado a esse valor, o senhor Gaunt sempre pede um algo a mais, uma pequena peça que será pregada em algum outro morador da cidade. Coisa boba! Sem importância…
O primeiro comprador foi Brian, um menino de 11 anos que coleciona cards de beisebol. Quando menos nos damos conta, grande parte da população de Castle já foi até a loja e encontrou um objeto de seu total apreço. Dessa forma, cada história vai sendo entrelaçada, sem que os compradores pudessem perceber. Mas, o senhor Gaunt sabia exatamente o que estava fazendo. E se regozijava em ver como estava sendo bem-sucedido em seu empreendimento nessa nova cidade.
“… o que muitas decisões ruins têm em comum: pareceu uma boa ideia na hora.”
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O Instituto é uma obra que já se tornou queridinha dos fãs do mestre. Foi publicado aqui no Brasil em 2019.
Alan Pangborn (você deve se lembrar dele lá em A Metade Sombria, não?) é o xerife de Castle. Ele fica prometendo a si mesmo uma visita à Artigos Indispensáveis, coisa que nunca acontece. Movido por outros diversos acontecimentos, Alan nunca conseguiu entrar na loja, e sequer se encontrar com o misterioso Leland Gaunt. Entretanto, tem ouvido falar demais no homem e em seus artigos exclusivos por vários moradores, inclusive sua namorada, Polly Chalmers.
Você irá perceber o quanto cada artigo é exatamente do tamanho da necessidade e/ou do desejo daquele comprador específico. Também perceberá logo como tal objeto vira tamanha obsessão, a ponto do comprador não se importar com mais nada, e passa a ter sentimentos de perseguição, de medo, de sensação de perda… em suma, a compra se torna infinitamente mais importante que qualquer outra coisa.
O preço pago é sempre uma bagatela. Apesar disso, o comprador se sente sempre em dívida com o senhor Gaunt, cumprindo assim as tais “pegadinhas” que o dono da loja solicitou. Ah, essas solicitações do senhor Gaunt podem ser via sonhos, telepaticamente, ou até em outras visitas à sua loja. O homem não descansa. Ele tem tudo sob controle e sabe exatamente o que cada cliente seu está fazendo, e se já cumpriu sua parte do acordo. Ele não dormita e não te deixa em paz até que sua parte do acordo esteja ok. O senhor Gaunt SEMPRE SABE.
“… muitos segredos – na verdade todos os segredos importantes – não podem ser compartilhados.”
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E eu não posso deixar de recomendar meu livro preferido do King para vocês, não é? Vem conferir minha resenha sobre o amado Novembro de 63.
Trocas Macabras era para ser a última história escrita sobre Castle Rock conforme informações, e em certo ponto da narrativa a gente realmente acredita nisso! King nos envolve em uma trama desesperadora, cheia de desafios, de embates, lutas, muita violência, mortes e confrontos. Depois que todo desespero toma conta daquela cidade, daquela população, percebemos que são pouquíssimos aqueles que não estão sobre a influência de um item adquirido na Artigos Indispensáveis. Podemos fazer algum tipo de reflexão, no fim das contas, a respeito de ter, de possuir. De percebermos se nós possuímos algo, ou se é esse algo que nos possui.
Se atente bem aos nossos protagonistas, Alan e Polly. Ambos com marcas profundos e dolorosas. Mortes e tristezas são impressas em suas almas – e o assunto] “alma” é importante nessa obra. Hoje, eles se amam e tentam se cuidar, porém, definitivamente, são dois protagonistas “quebrados”, imperfeitos, os quais não podemos imaginar se serão influenciados pelo “poder” de Leland Gaunt, ou se serão a redenção da cidade. Só precisamos descobrir se Gaunt tem razão quando diz que tudo e todos têm um preço.
Por fim, basta refletirmos se nossa paz, ou mesmo nossa sanidade, está em jogo ao negociar um objeto com o atemporal Leland Gaunt em sua loja de Artigos Indispensáveis. O preço é sim negociável, todavia você não termina de pagar sua dívida até que o senhor Gaunt tenha dito que está pago. King, mestre na arte de apavorar seus leitores com realidades nuas e cruas, nos deixa assombrados com esse romance que fica ecoando em nossa mente após as páginas terem terminado. Te desejo sorte. Faça uma boa leitura, pois essa belezinha merece nada menos do que 5 estrelas.
“A humanidade! Tão nobre! Tão disposta a sacrificar o outro!”
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Esse é um livro do Stephen King que muita gente não gosta. Eu, a do contra, gostei bastante. Clica aqui pra descobrir sobre qual obra estou falando.
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Livo: Trocas Macabras
Autor: Stephen King
Ano: 2020
Páginas: 656
Editora: Suma
Gêneros: Fantasia, Ficção, Horror, Literatura Estrangeira, Suspense, Mistério, Terror
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Leila
As referências são sensacionais!!!! Não vejo a hora de chegar nele hahahaha que maravilha de resenha!
Carol Nery
Amiga, do jeito que você tá lendo King, logo logo tá pegando as referências TODAS!!!!
Beijocas
Letícia Guedes
E assim mais um livro do King entra na minha lista já imensa :’)
Socorro, como eu fiquei curiosa para ler esse livro. Parece ser do tipo que deixa a gente acordado só pra descobrir as respostas. O que são esses objetos, afinal? Como têm tanto poder? Quem é Gaunt??? Nem comecei a ler e já quero descobrir. EU SEQUER TENHO O LIVRO, AAAAAA.
Sua resenha me deixou curiosíssima, como você pode ver kkkkkkk vou comprar o mais rápido possível. Abs!
Carol Nery
Olha, quando a gente começa a ler King, e gosta do que encontra por ali, o vício se torna grande. E ô homem que escreve!!! Você mal tempo de respirar e ele já tá publicando outro. Fiquei feliz em saber que minha resenha te deixou animada a ler Trocas em breve.
Abração
Val
Eu geralmente gosto de ver referências de outras obras no livro que tô lendo. Quando vi o nome Castle Rock lembrei logo de Cujo, amo aquele livro e filme.
Troca macabras ainda não li. Não sabia que tava tão raro conseguir a edição mais antiga . Ainda bem que a suma publicou, né?
Deve ser uma leitura intrigante, já tô aqui curiosa pra saber sobre esses acessórios kkkkk
Carol Nery
Eu também gosto muito de Cujo. Porém sofri quando li… estava com um dos meus filhos recém-nascido e mãe é tudo louca. Sabe como é! hahahahaha
Graças a Suma já se pode ler esse livro sem pagar necessariamente o preço de um rim no mercado negro. Tomara que você goste quando tiver a oportunidade.
Beijão
Isa do Le Portraitdeisa
Eu com certeza amo livros com referencias e minha atenção foi chamada logo no começo da sua resenha , quantas referencias a outros livros do King eu amo esse tipo de coisa. E meu que livro eletrizante, parece ser aquele tipo de livro que você simplesmente não consegue mais parar de ler , mesmo com um pouco de medo fiquei muito interessada na história , sua resenha está realmente muito boa , adorei!
Carol Nery
King é muito mestre em fazer ligações e referências entre suas obras, né? Essa é uma coisa legal quando se lê em ordem cronológica, ou pelo menos se tem uma memória boa pra lembrar dos livros e histórias que já leu!
Fico TODA animada quando consigo captar uma referência e lembrar de onde ela é. hehehehe
Tomara que você goste de Trocas. Não precisa ter medo… Pelo menos não de monstros, ETs, fantasmas e coisas do gênero. hahahhaa
Beijocas
Joyce
Olá, não sou muito fã do gênero não, mas sua resenha me deixou curiosa e já quero arriscar a ler, vai que eu goste né rs.
Carol Nery
Tudo na literatura é sempre um grande “e se…”, né mesmo? Às vezes eu também me arrisco fora daquilo que estou acostumada e acabo me surpreendendo. Como você disse, vai que eu gosto! hahahaha
Paty Vahl
Que post maravilhoso!! Estou lendo os livros do King em ordem cronologica e terminei O Cemitério a pouco tempo. Eiu realmente quero Trocas macabras, mas convenhamos que o preço dele está bem salgadinho. Adorei as referencias e todo o conteudo do post! Amei demais!
Carol Nery
Que delícia, Paty. Eu sou muito a louca do King!!! Adoro quando as pessoas pegam para ler de forma cronológica as obras, porque esse negócio de “catar” as referências fica muito mais divertido, e aproveitável. Tem um post aqui no blog que liberamos um arquivo com a ordem cronológica, que dá pra você baixar e imprimir se quiser.
Abraços e, tomara que consiga adquirir a obra logo logo. Realmente ele é meio carinho!!!
Beijão
Debora Sapphire
Fantástico que você tenha conseguido ler esse livro que era considerado uma raridade do King de se encontrar aqui no Brasil em suas poucas edições. Ótimo que a editora Suma tenha feito essa publicação acontecer! Enfim, achei incrível saber da sua experiência com essa leitura e tudo o que sentiu ao ler. Além de conferir tudo o que essa obra representou pra você! Acho muito bacana quando há tantas referências presentes no livro.
Carol Nery
Nossa, foi muita emoção de fã mesmo!!! Obrigada.
A Suma tem trazido de volta essas obras há muito esquecidas nas publicações mais atuais. Ainda bem!!!